Em sua varanda observa sentado a vida passar.
Levado pelo vento no tempo.
A existência não o possui.
A vida não o ocupa.
Varrido para fora do cenário por ninguém.
O pó de que é feito se dissipa no ar. Viajando para onde este o levar.
O peso é proporcional ao entendimento de sua consciência.
A leveza é intrínseca à certeza de ser o nada aprisionado dentro de um todo não suportado.
De dentro do ser observa o mundo lá fora.
O interior não faz sentido.
Espera a hora de uma dissipação inevitável.
Suspenso não toca.
Anseia o oco sem ovo.
O vazio lhe seduz.
O espetáculo do universo o comove e empolga.
Observador inquieto da metamorfose cósmica.
Imagem: Rodada 98 - CLP - Pilar Domingo
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