Acordou acreditando na Deusa.
Vestiu-se do jeito que quis.
Caminhou com suas pernas pela estrada que escolheu. Passos firmes e largos.
No reflexo das vitrines admirou seu corpo em matéria.
Acariciou seu ego, admirou sua imagem, apalpou seus seios.
De ânimo elevado defendeu sua tese.
Arregimentou seguidores.
Envolta em mistério testou seus limites enfrentando seculares resistências.
Acordou ilesa de um sonho de beleza corrompido.
Com revolta, das amarras libertou-se:
nascer fêmea virou carma para quem acredita, infortúnio para quem é machista e redenção para quem quer ser santa em outra encarnação.
Não aceitaria passiva o vaticínio legado.
Subiu no salto sem previsão de descida.
Decidiu que seguirá cantando e dançando até o Coliseu.
Imagem: Unsplash/Anete Lusina