A energia está tão densa que dá para cortar com faca e comer de colher, acompanhada de uma taça de tempestade.
Coloquei os óculos rosa.
No entorno as doenças proliferando. As pessoas adoecendo.
Nos corpos a bílis excessiva desequilibra a saúde mental.
A alma contaminada deteriora o físico.
E eu de óculos rosa.
O ódio raivoso nas ruas abertamente expressado.
O sangue do jornal torcido inundando o asfalto.
As excrescências dos noticiários antagônicos pressionando nossos ouvidos.
Só de óculos rosa.
A espécie humana sendo dizimada por obra e graça da desumanidade.
A tristeza absoluta reinando.
Os prazeres esquecidos. Os amores desentendidos. Os afetos arrefecidos.
Corações apertados, sofridos, abandonam e são abandonados, nas discussões, execrados.
Diálogos repudiados.
Não tira os óculos rosa.
O medo dominando o corpo e a mente dos homens.
A sombra do corpo projetada, aumentada sob a égide do pânico.
Veste o rosa.
Estamos em outubro.
Irônico e sincronicamente rosa.
Imagem elaborada pela autora